quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

10º CRÍTICA AO TEATRO FÚRIA E OS INSURRETOS FURIOSOS DESGOVERNADOS - MAURÍCIO ARRUDA MENDONÇA


Fúria Seqüestra Shakespeare e Aguarda Resgate
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Foi um delicioso encontro com Willian Shakespeare, o genial dramaturgo inglês, nascido sob o signo de touro, que há quatrocentos anos estaria tomando um porre para comemorar seus 40 anos. Ele baixou ontem lá no campus da UEL, mais precisamente no RU, onde o céu azul de outono, a velha peroba rosa, a elite universitária, e o busto de bronze de Mahatma Gandhi puderam recebê-lo através das vivas energias do grupo Fúria.
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Necas de Shakespeare apaixonado. Era Shakespeare encaixotado mesmo. Ou melhor: “Encaixotando Shakespeare”. E a peça, ligeira e engraçada foi mais um exemplo da inventividade do jovem grupo de Cuiabá que já pintou aqui no FILO 2002 com a peça “Nepal”, e agradou bastante. E como já se supunha dois anos atrás, fica a certeza de que o Teatro Fúria veio para ficar e fazer história. Marquem a cara desses caras. Guardem o nome desse grupo. “Encaixotando Shakespeare” tem uma dramaturgia ágil, criativa e brinca com as histórias de Romeu e Julieta, Othelo, Rei Lear, Hamlet, Péricles Príncipe de Tiro, com intimidade e nenhuma cerimônia. E o que é melhor, traz o velho Will para a atualidade, pra perto da gente.
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A trama é bacana. Personagens de Shakespeare, revoltados, decidem aprisionar o bardo, para que ele mude suas histórias, já que estão cansados de repetir seus trágicos fins nos 400 anos. E, de fato, a peça diverte e o grupo evidencia duas grandes qualidades. Primeira: o elenco todo atua brincando, têm gosto de fazer o que faz, enfim, se diverte. Segunda: exibe uma intensa teatralidade, exemplifica pela escolha do cenário (do qual extraem o máximo de significação), pelas soluções das cenas sempre em consonância com o texto, proporcionando tiradas simples e criativas. E é nisso que o Teatro Fúria encanta. Cria espetáculo centrado na surpresa.
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Há muitos momentos belos em “Encaixotando Shakespeare”. A cena das rosas que Romeu oferece a Julieta, os efeitos “especiais”, que dão uma dimensão agigantada às personagens, enfim, uma série de ingredientes farsescos que acabariam perdendo o impacto se eu ficasse citando aqui. Aliás, seria uma sacanagem completa com a rapaziada. E eu temo a ira do Teatro Fúria. Que fazer? O melhor a fazer é dizer pra quem está lendo essa resenha que corra até o Royal Shopping pra ver a segunda apresentação do Teatro Fúria hoje. O espetáculo é para todas as idades. Falei.
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Maurício Arruda Mendonça – especial para o Jornal de Londrina – Terça feira 11/5/2004 - durante o Festival Internacional de Londrina - 2004
foto por Insurreto Marcos Pratt

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