COMO PRODUZIR RELEVÂNCIA HISTÓRICA?
REPARTIR INDIGNAÇÃO E ESPERANÇA
REPARTIR INDIGNAÇÃO E ESPERANÇA
ELABORAÇÃO COLETIVA DA TRIBO DE ATUADORES ÓI NÓIS AQUI TRAVEIZ
"O teatro é instrumento de humanidade e este é o seu papel fundamental: restituir ao homem os valores éticos propositadamente esquecidos e desprezados na nossa sociedade consumista. Num mundo marcado pela exclusão, homogeneização, pelo pensamento único, pela desumanização e pela barbárie, cada vez mais é vital e necessário denunciar a injustiça, as vendas de opinião, o autoritarismo, a mediocridade e a falta de memória. A solidariedade, a honestidade pessoal e a liberdade são princípios para realização de um teatro comprometido com a vida. Os fazedores de teatro não podem perder de vista suas funções básicas: a estruturação e o desenvolvimento da sensibilidade e do pensamento, a análise crítica e a exposição das relações inter-humanas.
Nesse sentido acreditamos que o Teatro de Rua traz intrínseco na sua manifestação valores significativos que expressam o combate à alienação e exclusão cultural, valorizando a nossa identidade e afirmando princípios libertários, criando um teatro popular, onde arte e política se fundem, voltado para a maior parte da população. Transformando a rua em palco de um teatro que se assuma como um constante repensar da sociedade, motivando uma releitura da vida cotidiana. No momento histórico em que vivemos, onde a grande maioria da população brasileira, por suas carências econômicas e culturais, não tem acesso as salas de espetáculos, o teatro de rua assume um papel fundamental na democratização da arte. O Teatro de Rua requer uma pesquisa estética levada às últimas conseqüências, onde surgem elementos como máscaras e bonecos de grandes proporções, pernas de pau e música, canto e dança, figurinos e adereços criativos e coloridos. O ator do teatro de rua precisa desenvolver diferentes técnicas expressivas que amplie o seu gesto e a sua voz, e pré-disposição para lidar com todo tipo de imprevisto. O cenário da rua exige um gesto ampliado capaz de prender a atenção de cidadãos que acorrem casualmente, formando a roda da brincadeira teatral. Diga-se, seguramente, não haver manifestação mais contundente do que ganhar a rua, encontrar as pessoas através de um teatro divertido e lúcido, repartir com elas a indignação com a injustiça e a esperança em um mundo mais solidário. A formação do ator para o teatro de rua tem sido conseqüência do aprendizado grupal. À margem das universidades, dos editais públicos e premiações, a história do teatro de rua vem sendo contada pelos grupos que se empenham em realizá-lo. Estes grupos vêm investigando incessantemente uma linguagem própria para o espaço urbano. O teatro nas ruas, praças e parques, bairros e vilas populares forma um público que, ao se perceber pela primeira vez assistindo teatro e gostando do que vê, o torna necessário em sua vida. Da mesma forma, são estes grupos a escola do teatro de rua, fomentando e multiplicando novos coletivos.
São sobretudo os coletivos de trabalho continuado que apontam caminhos para os impasses que a arte mercadológica e a mídia nos impõem. Esses grupos, que repensam cotidianamente a sua prática, que percebem os erros e aprendem com eles, não se contentando com soluções superficiais, encarando o teatro como algo maior e mais importante que um simples entretenimento, são eles que garantem para a arte teatral relevância histórica. Existem, espalhados por todo país, grupos que apesar de todas as dificuldades, como o pagamento de onerosos aluguéis, constituíram espaços culturais autogeridos de forma coletiva que, além de local para apresentação de espetáculos, funcionam como escolas, formando novos atores e grupos, espaço para investigação, pesquisa e compartilhamento de experiências, e acervo de parte da história do teatro brasileiro. Em oposição à lógica capitalista, onde a propriedade é privada, os espaços desses grupos se abrem à população de suas cidades para o encontro e a comunhão. Hoje, quando são cada vez mais raros os verdadeiros encontros entre seres humanos, em que a criação de não-lugares onde não se estabelece contato, historicidade ou referência é a tônica de nossa arquitetura, organização e conseqüente relação, ou ainda, da incapacidade de estabelecê-la, se faz urgente e necessário a criação e manutenção de LUGARES, para que aconteça a retomada do homem na sua essência. O Teatro como arte artesanal e corpórea é fundamental para esta construção. Resignificar a existência do homem, constituir um espaço de possibilidades, talvez uma das características mais significativas do trabalho teatral, criar um campo fértil para semear as possibilidades do homem em todos os tempos.
É preciso difundir o teatro de rua e o teatro de grupo e seus centros de criação e compartilhamento: é necessário que existam políticas públicas que garantam o desenvolvimento e a ampliação destas manifestações. Afirmar o teatro como arte singular e fundamental para o aprimoramento da condição de vida da maior parte da população, é contribuir para a emancipação do homem. "
Matéria publicada na revista de teatro Sarrafo nº8
"O teatro é instrumento de humanidade e este é o seu papel fundamental: restituir ao homem os valores éticos propositadamente esquecidos e desprezados na nossa sociedade consumista. Num mundo marcado pela exclusão, homogeneização, pelo pensamento único, pela desumanização e pela barbárie, cada vez mais é vital e necessário denunciar a injustiça, as vendas de opinião, o autoritarismo, a mediocridade e a falta de memória. A solidariedade, a honestidade pessoal e a liberdade são princípios para realização de um teatro comprometido com a vida. Os fazedores de teatro não podem perder de vista suas funções básicas: a estruturação e o desenvolvimento da sensibilidade e do pensamento, a análise crítica e a exposição das relações inter-humanas.
Nesse sentido acreditamos que o Teatro de Rua traz intrínseco na sua manifestação valores significativos que expressam o combate à alienação e exclusão cultural, valorizando a nossa identidade e afirmando princípios libertários, criando um teatro popular, onde arte e política se fundem, voltado para a maior parte da população. Transformando a rua em palco de um teatro que se assuma como um constante repensar da sociedade, motivando uma releitura da vida cotidiana. No momento histórico em que vivemos, onde a grande maioria da população brasileira, por suas carências econômicas e culturais, não tem acesso as salas de espetáculos, o teatro de rua assume um papel fundamental na democratização da arte. O Teatro de Rua requer uma pesquisa estética levada às últimas conseqüências, onde surgem elementos como máscaras e bonecos de grandes proporções, pernas de pau e música, canto e dança, figurinos e adereços criativos e coloridos. O ator do teatro de rua precisa desenvolver diferentes técnicas expressivas que amplie o seu gesto e a sua voz, e pré-disposição para lidar com todo tipo de imprevisto. O cenário da rua exige um gesto ampliado capaz de prender a atenção de cidadãos que acorrem casualmente, formando a roda da brincadeira teatral. Diga-se, seguramente, não haver manifestação mais contundente do que ganhar a rua, encontrar as pessoas através de um teatro divertido e lúcido, repartir com elas a indignação com a injustiça e a esperança em um mundo mais solidário. A formação do ator para o teatro de rua tem sido conseqüência do aprendizado grupal. À margem das universidades, dos editais públicos e premiações, a história do teatro de rua vem sendo contada pelos grupos que se empenham em realizá-lo. Estes grupos vêm investigando incessantemente uma linguagem própria para o espaço urbano. O teatro nas ruas, praças e parques, bairros e vilas populares forma um público que, ao se perceber pela primeira vez assistindo teatro e gostando do que vê, o torna necessário em sua vida. Da mesma forma, são estes grupos a escola do teatro de rua, fomentando e multiplicando novos coletivos.
São sobretudo os coletivos de trabalho continuado que apontam caminhos para os impasses que a arte mercadológica e a mídia nos impõem. Esses grupos, que repensam cotidianamente a sua prática, que percebem os erros e aprendem com eles, não se contentando com soluções superficiais, encarando o teatro como algo maior e mais importante que um simples entretenimento, são eles que garantem para a arte teatral relevância histórica. Existem, espalhados por todo país, grupos que apesar de todas as dificuldades, como o pagamento de onerosos aluguéis, constituíram espaços culturais autogeridos de forma coletiva que, além de local para apresentação de espetáculos, funcionam como escolas, formando novos atores e grupos, espaço para investigação, pesquisa e compartilhamento de experiências, e acervo de parte da história do teatro brasileiro. Em oposição à lógica capitalista, onde a propriedade é privada, os espaços desses grupos se abrem à população de suas cidades para o encontro e a comunhão. Hoje, quando são cada vez mais raros os verdadeiros encontros entre seres humanos, em que a criação de não-lugares onde não se estabelece contato, historicidade ou referência é a tônica de nossa arquitetura, organização e conseqüente relação, ou ainda, da incapacidade de estabelecê-la, se faz urgente e necessário a criação e manutenção de LUGARES, para que aconteça a retomada do homem na sua essência. O Teatro como arte artesanal e corpórea é fundamental para esta construção. Resignificar a existência do homem, constituir um espaço de possibilidades, talvez uma das características mais significativas do trabalho teatral, criar um campo fértil para semear as possibilidades do homem em todos os tempos.
É preciso difundir o teatro de rua e o teatro de grupo e seus centros de criação e compartilhamento: é necessário que existam políticas públicas que garantam o desenvolvimento e a ampliação destas manifestações. Afirmar o teatro como arte singular e fundamental para o aprimoramento da condição de vida da maior parte da população, é contribuir para a emancipação do homem. "
Matéria publicada na revista de teatro Sarrafo nº8
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