sexta-feira, 24 de abril de 2009

Alternativo? Por Leca Perrechil e Juliene Codognotto para a Revista Bacante

foto de Paulo Flores na nova sede da Terreira da Tribo de Atuadores ÓiNóisAquiTraveis.

“Na minha terra, alternativo é quem dá o cu”, já dizia Beto Bruno. O vocalista do Cachorro Grande soltou esta pérola no Festival Upload do Sesc, para o qual sua banda foi selecionada, em tese, por ser alternativa. No mesmo evento, se apresentaram os cariocas Los Hermanos, recém-separados que, na época, ainda lançavam o segundo CD. Alternativos, eles eram.

Ok. Mas a Bacante não é uma revista que insiste em só falar de teatro? A resposta é sim. Porém, como em qualquer manifestação artística, no teatro também existe a necessidade de criar rótulos para definir diferentes estilos. É aí que aparecem termos como teatro alternativo e bacanal. Por enquanto, vamos nos fixar no sentido do primeiro termo.

Só pra começar as dificuldades, dizer que tal obra/ ator/ espaço/ grupo é alternativo, suscita, imediatamente, “A questão”.

Alternativo a quê?

a) aos espaços convencionais;
b) à linguagem que todo mundo usa; (favor não perguntar quem é todo mundo. Uma polêmica de cada vez)
c) ao uso de roupas no palco;
d) ao teatro comercial;
e) ao Juca de Oliveira e grande elenco;
f) ao capitalismo,
g) ao palco italiano;
h) aos enlatados estadunidenses.
i) nenhuma das anteriores.
j) todas as anteriores.

Não sabe qual assinalar? Não se desespere. Ainda. Ao contrário, fique feliz! Afinal, o teatro alternativo pode ser quase tudo o que você quiser. Inclusive alternativo à 23 de maio, como exemplifica Sérgio Roveri. Para ele, se existe o alternativo, também precisa haver o oficial, mas é difícil utilizar essa definição nas artes.

“Prefiro usar alternativo em rotas de trânsito, quando ouço o rádio e o locutor diz: ‘ouvintes, procurem um caminho alternativo, a 23 de maio está congestionada!’ Qual a lição que se tira disso? Que o caminho legal seria a 23 de Maio. Mas, na impossibilidade desta, vamos procurar outras saídas. Mas no teatro, espero, a coisa não funciona assim.”, desenvolve o dramaturgo, que tem duas peças em cartaz na Praça Roosevelt (Abre as Asas Sobre Nós e A Noite no Aquário) e uma no Teatro Vivo mais longe de você (Andaime). Com a liberdade de quem passeia, feliz, entre travestis e socialites, ele garante que essa classificação é furada e que o que continua valendo são os velhos: “bom” e “ruim”.

Para tentar entender porque o “bom” e o “ruim” foram substituídos por uma infinidade de outros termos e, afinal, o que estes tais outros termos significam, a Equipe Bacante foi caçar algumas opiniões sobre o tema. Seguem abaixo, desorganizadas em tópicos.

Em terra de alternativo, quem tem um real é vendido?

O chamado Teatro Alternativo (usaremos esse termo, até uma conclusão melhor) muitas vezes é considerado teatro de baixo orçamento, feito sem incentivo nenhum, com produção tímida e recursos mínimos.

Essa é uma das justificativas para a atriz e dramaturga Ângela Dip considerar sua última produção, O Barril, “super-alternativa”.

Para ela, dá pra fazer teatro sem muito investimento. “Você não precisa de mais do que um puta texto, me elogiei, e uma puta atuação, me elogiei de novo”, afirma, com modéstia.

Régis Santos, cenotécnico do Cemitério de Automóveis, concorda, “a gente já montou muita coisa sem grana. O bom teatro não precisa de dinheiro. Claro que ajudaria, mas o bom teatro é feito com amor, com raça”.

Rodolfo Garcia Vasquez, dos Satyros, acha que o dinheiro não tem nada a ver. “Uma coisa é o retorno financeiro da arte, outra coisa é a arte”. Ele aponta que o importante é o que se faz com o dinheiro como acréscimo à arte e não a grana em si. “Há espetáculos que dão muito mais lucro do que os do teatro de pesquisa, mas não trazem uma contribuição tão importante pro próprio desenvolvimento das artes cênicas no Brasil.”

O custo da produção também não é o fator de diferenciação na opinião do jornalista e crítico teatral Sérgio Sálvia Coelho. Para ele, o artista não opta por fazer teatro alternativo por falta de recursos para uma montagem mais comercial. A questão estaria na opção pela pesquisa e pela criação de algo novo. “Não é porque tem pouco dinheiro, que o artista se condena. Tem gente que tem pouco dinheiro e faz um teatro conformista, tem gente que tem muito e faz uma coisa diferente”.

Tentar classificar a obra de Roveri ajuda a entender porque o custo das produções pode ser insignificante. Duas peças suas estão sendo apresentadas na Praça Roosevelt, por vinte reais, simultaneamente à montagem de outro texto seu no Teatro Vivo, mais longe de você, por cinquenta enormes reais. Segundo ele, mesmo tão diferentes, as três obras foram escritas com o mesmo carinho.

Vale lembrar, porém, que a qualidade e a inovação da montagem dependem de mais fatores além do texto e da dedicação com que ele foi redigido. Em Andaime, algumas soluções cênicas, como a própria estrutura que dá nome ao texto ou o vidro que é limpado pelos atores, são evidentemente muito caras e não apresentam nenhum tipo de inovação. Caso tivessem menos recursos financeiros, o cenário poderia ser construído de uma outra maneira sem prejuízo de texto.

Marici Salomão, dramaturga autora de Impostura, em cartaz atualmente no Teatro dos Satyros, e jurada do prêmio Shell, defende que a relação do teatro alternativo com o mercado pode existir, mas não é de dependência. “Ele não depende do mercado, do comercial para sobreviver, mas pode estar inserido nele”.

Inserir-se no comercial, inclusive, pode ser uma necessidade, como afirma Sálvia. Para ele, o teatro que se baseia em pesquisa, ao contrário do que se pensa, requer ainda mais investimento e atenção, não para que este dinheiro investido se reverta em lucro, mas para que viabilize o desenvolvimento de alternativas para o futuro. “Normalmente, quem faz teatro alternativo faz porque é apaixonado pela tentativa, muito mais do que por querer fazer disso um meio de vida”.

O próprio crítico afirma, em matéria publicada na Folha de S. Paulo, que não é fácil conseguir incentivo. As possibilidades variam entre apoio governamental (= prefeitura = fomento = incerteza), puteiros (caso do grupo Alma, por exemplo, que é apoiado pelos Vinil American Bar, Stop Night Club e Eskala Night Club) e bolso dos realizadores (caso do TUCAN, grupo de atores que se formaram em 2004 pela UnB, cujo custo das viagens para apresentar a sua primeira peça, Adubo, é por vezes dividido entre os quatro atores).

Nem a falta de incentivo, nem a paixão pela arte, no entanto, podem justificar um trabalho malfeito. Para Ângela Dip há um equívoco quando “neguinho começa a fazer qualquer coisa, só porque não é conhecido ou é pobre e todo mundo tem que ver e achar que é moderno, cult, alternativo. Acho que tudo tem que ter um trabalho.” Marici concorda que alternativo não é nivelar a qualidade por baixo e resume, “Não é quanto pior a situação, melhor. Não. Quanto melhor, melhor.”

Pequenininho é mais gostoso?

Criou-se o senso comum de que o “teatro alternativo” acontece apenas em espaços muito pequenos e esquisitos, em geral, sujos, tais como porões, antigos galpões ou outros tipos de ex-comércios onde o público médio é de 50 pessoas.

A premissa é verdadeira em muitos casos de expoentes do teatro alternativo, no entanto, está longe de ser absoluta.

Sérgio Sálvia escreveu em matéria para a Folha, já citada anteriormente, que se a produção encenada em um espaço pequeno se transferisse para um teatro de 500 lugares, ela não deixaria de ser alternativa por causa disso, porque seu estilo não seria alterado.

Em entrevista para a revista Bacante, o crítico afirmou que o surgimento de vários espaços pequenos é uma tendência atual. “Hoje são vários lugares assim, entre 50 e 100 lugares. Até porque o público pro teatro é de 100 pessoas. Até 30 anos atrás, os cinemas eram pra grandes públicos, em média 500 pessoas. Hoje, as salas são pra, no máximo, 200. E ninguém diz que o cinema está decadente por isso”.

Marici Salomão acredita que a maleabilidade do local também determina um espaço como sendo alternativo. “A ausência do palco italiano e a utilização de um espaço que dê pra modificar: fazer teatro de arena, arquibancada, mudar os bancos de lugar. Que dê para ‘alternativisar’ o espaço” são algumas das característica citadas pela dramaturga.

Os grupos realmente alternativos, segundo Pedro Martins, do grupo TUCAN, procuram os espaços ditos alternativos “não porque isso está na moda, mas para agregar esta informação ao seu trabalho.”

Roveri não acredita que o espaço seja determinante para dizer o que é ou não alternativo. Para ele, são apenas rótulos criados pela imprensa para mapear a produção cultural na cidade. “Se os espetáculos são bons, eles são bons para seis pessoas ou mil e duzentas pessoas na platéia.” E completa. “Classificar um espetáculo de alternativo é como justificar uma possível ou provável falta de qualidade ou apuro técnico. E isso, seguramente, não é o endereço ou o horário de exibição que determina.”

A ponta do iceberg

A questão do espaço fica ainda mais complicada quando se fala da Praça Roosevelt, região considerada por muitos, sobretudo a grande mídia, o reduto alternativo do teatro paulistano. Lá estão os Espaços dos Satyros 1 e 2, o Espaço Parlapatões, além de outros menos reconhecidos como o Studio 184, o Teatro do Ator e Teatro Lucas Pardo Filho, do outro lado da praça.

Muitos grupos da região só estão ali porque possuem fomento da Prefeitura de São Paulo. Os Parlapatões, por exemplo, utilizaram o incentivo para adquirir o espaço no número 158 da calçada e aumentar, ainda mais, a badalação da rua.

Vizinha do teatrão Cultura Artística e das “boates” Kilt e My Love, a Praça começou a ser muito frequentada por uma elite intelectual. Nos últimos anos, diversas produções e grupos receberam reconhecimento em premiações. É o caso de Sérgio Roveri, vencedor do Prêmio Shell pela dramaturgia de Abre as Asas Sobre Nós (que ficou um tempo em cartaz no Espaço dos Satyros, depois no Sérgio Cardoso e agora está no Parlapatões).

No entanto, o próprio Sérgio Roveri questiona essa áurea alternativa que ronda a região e seus grupos. “Nos últimos anos, Os Satyros foram contemplados com vários prêmios de incentivo, excursionaram pelo Brasil e pela Europa, são referência na produção teatral da cidade e transformaram a Praça Roosevelt num pólo de produção cultural, onde as filas começam às 18h e não terminam antes da meia-noite. Então, como dizer que um grupo como eles é alternativo?”

O fundador e diretor do grupo, Rodolfo Garcia Vasquez, não faz questão nenhuma de ser chamado de alternativo. Em lugar disso, prefere falar em teatro vivo (não, não é aquele mais longe de você). “É um teatro que não se apega a uma regra tradicional, busca refazer os limites do teatro dentro das suas possibilidades na relação palco/platéia”. Com base nessa definição, Rodolfo afirma que este é o trabalho que os Satyros e outros grupos tentam realizar.

A produção na Praça também é vista como uma produção de vanguarda, por propor novas possibilidades e definir novas tendências. Contrária ao rótulo, Ângela Dip afirma, convicta, que não existe vanguarda e brinca que os gregos já inventaram tudo. “Quando eu tinha 25 anos, tinha o Espaço Off, muito parecido com a Roosevelt, que foi onde eu pude começar. Era um espaço pequeno e as coisas aconteciam dentro e fora do teatrinho a qualquer hora”, conta, evidenciando que a tão aclamada movimentação do local não é exatamente inédita.

Nem inédita, nem tampouco concentrada. A movimentação alternativa está espalhada por São Paulo. Segundo Sálvia,a Praça é somente a ponta do iceberg, por ser o lugar mais visível de uma rede de teatro alternativo. Ele afirma que são entre 50 e 100 os grupos que têm sede própria e desenvolvem trabalhos regionais. Ele conta que, em casos como esses, quando os grupos atingem alguma autonomia e conseguem um espaço, suas sedes funcionam quase como um posto de saúde cultural e os grupos são levados a conhecer a realidade e as demandas das regiões ocupadas. “Não é venda de um produto pronto, como nos grandes teatros, é um diálogo, uma construção comum com a comunidade em volta.” Rodolfo concorda. “Acho que há um pólo na Praça Roosevelt, mas certamente não é o único lugar”.

Para incentivar essa disseminação do teatro, não necessariamente alternativo, mas necessariamente nos mais diversos locais de toda a capital, a Prefeitura de São Paulo incentiva projetos como o Teatro Vocacional, cujo objetivo é acompanhar a formação e o desenvolvimento de grupos de todas as regiões, viabilizando sua independência. “É bem diferente de uma oficina, que tem um período determinado de aprendizado e depois acaba e, se você se interessar, você procura outra. Nosso trabalho é levar conhecimento e abrir um leque de possibilidades, acompanhando os processos”, explica Juliane Pimenta, atriz que participa do projeto na Zona Sul.

Se fora da Roosevelt há todo tipo de produção e se destacam aquelas voltadas às necessidades das comunidades ao redor, na Praça o teatro parece ter encontrado público assíduo e desenvolvido uma relação amigável com a mídia.

Marici, por exemplo, utiliza “alternativo chique” para denominar Os Satyros, porque eles mantêm os requisitos que ela considera como sendo característicos do teatro alternativo, apesar de terem sido “absorvidos” pela mídia, ao serem citados e receberem diversos elogios da grande imprensa.

Tô na mídia e agora?

A grande imprensa estava olhando para a Brigadeiro de helicóptero (pq eles só enxergam de longe), quando, de repente, virou os olhos para o centro e viu alguém pelado na Roosevelt. (Não! Não era o Zé Celso! Ele fica um pouco mais pra lá!) Desde então, seus representantes vivem dando capas, matérias e fofocas sobre teatro alternativo. Os grupos, acostumados à solidão do anonimato se assustaram, mas, depois, o calor dos flashes trouxe conforto, comodidade e público, aumentando a bilheteria e a gratidão.


Dá-se, então, uma das relações mais complicadas e comentadas no cenário teatral paulistano. É possível se manter alternativo depois de sair na capa da Bravo?


Para Marici, sim. A jurada do Prêmio Shell afirma que apesar de estarem na mídia, as peças não entram numa linguagem convencional e, portanto, mantêm seu jeito de fazer teatro. Não é por estarem inseridas na imprensa que deixam de ser alternativas.


Sérgio Sálvia conta que, com a formação de uma espécie de grife do alternativo, está relativamente mais fácil utilizar o termo e ser compreendido. No entanto, há dois grandes problemas que o crítico aponta: a utilização equivocada da grife por grupos ruins, prejudicando a imagem dos outros, eo paternalismo que geralmente é vinculado a esta expressão. “Muitas vezes, as pessoas toleram mais defeitos porque a obra é alternativa”.


Há também, na opinião dele, uma visão ingênua e pouco embasada do conceito em alguns casos. “Penso no Felipe Hirsch, que se faz valer do Gerald Thomas. Quando o Gerald fez, ninguém sabia o que era, não tinha apoio nenhum, então ele criou o modo de fazer. Hoje, o Felipe tem apoio pra reproduzir o que foi feito naquela época, há mais de vinte anos.” Assim, de acordo com Sálvia, algumas coisas chamadas de alternativas hoje não passam de uma reconstrução de um modo de fazer criado há muitos anos.


Para Rodolfo, dos Satyros, a tentativa de rotular é, muitas vezes, uma tentativa de diminuir o tamanho das coisas, encaixando-as em categorias. “Aí você evita se confrontar com o potencial subversivo e transformador que aquilo traz”, explica. No entanto, para ele, é uma bobagem preocupar-se excessivamente com a mídia. “Tem muita gente preocupada com o uso do termo alternativo pela imprensa agora, porque não sabe muito bem como definir o que estamos fazendo e o processo de transformação que está acontecendo na cena teatral de São Paulo”.


Cheio de boas intenções


Um dos fatores determinantes para diferenciar espetáculos e repertórios é a intenção com que são feitos e a verdade que pretendem transmitir. Em outras palavras, o foco escolhido por um grupo depõe muito sobre o tipo de produção a que ele estará vinculado.


O próprio uso do termo teatro alternativo, nem sempre está diretamente ligado ao resultado final da obra. Para alguns, o seu processo e os caminhos escolhidos ao longo dele são o critério mais importante. Mais do que espaço, estética, posição na mídia, fazer teatro alternativo está ligado, para algumas pessoas, à busca de novos sentidos para a arte.


Para Pedro Martins, do grupo TUCAM, os grupos alternativos não tentam se encaixar no âmbito comercial da arte, pois sua prioridade é a pesquisa. “São grupos que misturam gêneros, linguagens e estéticas para estabelecer uma outra relação com o público, diferente do gostar ou entreter.”


David, do grupo Alma, acredita que, para ser alternativo, um processo não pode ter defesas, tem que ser verdadeiro, para que possa envolver o espectador e modificar sua visão de alguma forma.


Quebrar os limites e propor novas perspectivas. Para Rodolfo, é isso que teatro vivo faz. “Existem espetáculos que ficam preocupados primeiro com a relação comercial, depois em ter uma fórmula para agradar ou divertir o espectador, mas sem fazê-lo entrar em contato consigo mesmo de uma forma aprofundada. Esse tipo de teatro subestima o potencial de vida, de vitalidade que o teatro traz”, critica, afirmando que definir novas possibilidades na relação público e artista é uma maneira intensa de fazer teatro, não necessariamente por meio de experimentações, mas sempre com o objetivo de expressar as verdades dos artistas.


Sob qualquer ponto de vista, fica claro que o teatro alternativo busca um sentido diferente e verdadeiro para suas produções, em geral, por meio de uma intensa pesquisa. Para Sálvia, a essência é justamente essa, ou seja, optar pelo alternativo é uma opção de pesquisa. “É mais ou menos como os protótipos da indústria automobilística, a equipe responsável está ali para projetar alternativas para o futuro”, ilustra.


Eu experimento porque vivo de maneira alternativa?


“Não é legal você rotular, porque você tá excluindo. E na classe artística rolar isso? Pô, que feio!”. A bronca de João Roncatto, assessor de imprensa de Ângela Dip e dos Parlapatões, é muito sincera, mas talvez não tenha muito efeito, especialmente sobre a mídia, que continua buscando classificações e rótulos para entender e explicar, aos seus leitores, ouvintes, telespectadores e internautas, as movimentações e tendências das artes. No entanto, a tentativa de organizar as coisas, às vezes, só ajuda a bagunçar tudo de vez.


Admitindo que a base do teatro alternativo seja a pesquisa de linguagem, fica muito complicado diferenciá-lo do experimental. Rodolfo, no entanto, acredita que há algumas diferenças no foco dos trabalhos. “O teatro experimental é centrado em experimentar a linguagem, já o alternativo inclui isso, mas inclui também outros trabalhos que estão mais voltados a expressar as verdades dos artistas.” Ele diz, ainda, que, por vezes, o teatro alternativo já tem uma maneira própria de ser produzido e a mantém, sem precisar de novas experimentações.


Roveri afirma que não tem nada contra o termo alternativo, que hoje, segundo ele, denota algo cult, novo, provocador e visionário. Fica claro, entretanto, que ele tem muita coisa contra o rótulo. “Eu mesmo usava quando era jornalista. Confesso que é uma maneira fácil de classificar os espetáculos. Mas, há algum tempo, não acredito mais nisso. Percebi que o que continua valendo, ainda, é a definição mais elementar que o teatro pode ter: ou ele é bom ou é ruim.”


Depois de consultar críticos, jornalistas, atores, dramaturgos, jurados do Prêmio Shell, assessores de imprensa, alunos do curso de espanhol do Senac, arte-educadores, nossas próprias consciências, enfim, uma gama de especialistas em teatro, a Equipe Bacante chegou à seguinte conclusão: não existe um consenso sobre o que é alternativo. Então, a alternativa que nos resta é: continuaremos perguntando “alternativo a quê?”, sempre que alguém assim se intitular. Mesmo que a resposta não nos deixe plenamente satisfeitos. Pergunte você também. Ou, melhor ainda, responda pra gente, usando o espaço dos comentários. Nossa angústia agradece.


FONTE REVISTA BACANTE. EIS O COMENTÁRIO QUE FOI DEIXADO LÁ A RESPEITO DESTA CRÔNICA, POR REGIS DE SAMPA :


Alternativo do teatro paulistano quer, literalmente, dizer/significar: Espaço barato - pra montagem, sem conforto para um público que não se importa com a falta de conforto e está entregue para o que está sendo apresentado, ingressos “populares” , texto controverso/iconoclasta - comédia só com muita, mas muita crítica social. Este teatro deve perder o medo E A VERGONHA DE GANHAR DINHEIRO. Para que o tal teatrão do Wolf Maia para público de Não teatro vire o “o alternativo”. Há uns meses não vou ao teatro para parar de encontrar os atores, só eles vão ao teatro.

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