quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

1 - O TEMPO DOS BANDOS - JEAN-PIERRE THIBAUDAT - Série Artigos Sortidos


Apresentação

O artigo que se segue, publicado em julho de 1991, no jornal Libération, relatava a explosão do teatro de grupo na França no começo dos anos 90. Para melhor abordá-lo é preferível recolocá-lo em seu contexto.
Em maio de 1981, a chegada da esquerda ao poder e com ela a de Jack Lang no Ministério da Cultura tiveram por resultado uma duplicação do orçamento destinado à cultura. Um maná financeiro e oportuno para artistas que haviam sido freqüentemente maltratados por ministros da cultura de direita como Maurice Druon, mesmo que outros ministros como Michel Guy ou Jacques Duhamel tivessem sabido escutá-los melhor. Longe de repor nos trilhos o sistema da organização teatral, que apresentava sinais de envelhecimento e esclerose, esse maná orçamentário congelou o sistema vigente ao torná-lo financeiramente confortável.


Era, e ainda é, um sistema piramidal: no alto cinco teatros nacionais financiados essencialmente pelo Estado (o Ministério da Cultura que nomeia os diretores), depois uma vintena de Centros Dramáticos Nacionais, paritariamente financiados pelo Estado (Ministério da Cultura) e pelas coletividades regionais; a nomeação do diretor sendo objeto de acordo entre essas instâncias. Essas estruturas são dirigidas, com raríssimas exceções, por artistas. No início dos anos 90, são homens (raramente mulheres) que pertencem essencialmente à geração do maio de 68.


Depois, menos dotadas financeiramente, mas muito numerosas (por volta de duzentos) aparecem outras estruturas: Palcos Nacionais e Casas da Cultura (com financiamentos cruzados), teatros municipais e outros, muito freqüentemente com a direção dos programadores, por vezes bem a par da criação contemporânea, mas amiúde medrosos, consensuais, espécie de notáveis da cultura. Em suma, a França está povoada de salas de espetáculos. Mas muitas companhias teatrais não têm espaços, elas reclamam por lugares onde trabalhar. É o caso, em geral, daquilo que nomeamos os “bandos de teatro”, que correspondem, grosso modo, ao que no Brasil se chama teatro de grupo.


Em francês a palavra bande (bando) é habitualmente aplicada aos bandidos, meliantes. Aplicá-la aos grupos de teatro da nova geração não deixava de ser certa, e voluntária, provocação. Era frisar como esses bandos contestavam o sistema vigente, cada um fazendo seu “bando à parte” (“bande à part”), para retomar o título de um filme de Jean Luc Godard. E unificá-los com este vocábulo era dar um nome a um movimento real, porém freqüentemente informal e atomizado. Era reuni-los.


Acrescentemos que a paisagem descrita no artigo que se segue está longe de ser exaustiva. Faltavam, entre outros, Jean-Luc Lagarce em Besançon (que viria a morrer em 1995 e que é hoje o autor francês contemporâneo mais montado na França), Stanislas Nordey, Olivier Py, Pascal Rambert ou ainda La Volière Dromesko, o grupo Ilotopie.
Notemos, enfim, que esta explosão dos bandos surge também em um momento em que a idade de ouro da direção, do diretor como único dono da obra, chega a seu fim. No ano precedente, em 1990, Antoine Vitez morreu bruscamente e Patrice Chéreau deixou o Théâtre des Amandiers para se dedicar ao cinema.


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O tempo dos bandos
Jean-Pierre Thibaudat





Eles têm entre trinta e trinta e cinco anos, fazem teatro de grupo e estão longe das trupes e das grandes máquinas institucionais. Em dez anos, juntos e cada qual em seu canto, eles se impuseram à paisagem teatral francesa, como um campo de resistência em que a vida passa pelo teatro. E o teatro pela vida.

Nova geração? Emergência de uma vanguarda? Troca de turno? Não, nada a ver. Como definir sem trair, reunir sem reduzir, as aventuras cujos número, cruzamentos, modo de funcionamento e de produção constituem, de agora em diante, uma outra paisagem no teatro francês? Uma paisagem evidente, nem sempre aparente, quase nada espetacular. Algo como um campo, uma rede de resistência, uma maneira de fazer teatro de banda, em bandos. No isolamento (esplêndido), mas plural.
As expressões “jovem diretor talentoso”, “personalidade forte”, “uma estrela que nasce” – não, isso também não tem nada a ver. Desconfiam dos slogans, das febres midiáticas que duram o tempo de um comichão, das páginas people, dos especialistas, dos superprofissionais, de toda hipertrofia individualista. Eles reencontraram a palavra comunidade. Redescobriram que a união faz a força do teatro. Sabem o que querem dizer as épocas já esquecidas da “trupe permanente” e da “criação coletiva”. E não querem nada disso. Não é a deles, não é sua época, sua filosofia. Eles são vários fazendo teatro “juntos”, mas cada um existe por si próprio. Ser e fazer, entre eles, conjugam-se no mesmo indicativo.
Não é uma tendência sazonal, um conceito para o verão, a espuma de um dia ou de um jornal, é uma corrente submarina. Que vem de longe. Uma obstinada escolha de vida que passa pelo teatro. Escolha teimosa de teatro que passa pela vida. “Fazer teatro não é uma sucessão de encenações, é uma escolha de vida”, diz Chantal Morel, do grupo Alertes. E Christian Schiaretti: “Um espetáculo não é uma performance, mas expressão pontual de uma moral contínua”.


A maioria deles tem entre trinta e trinta e cinco anos. Fazem teatro em bando – legalmente, obriga a subvenção, chama-se companhia dramática – desde o início dos anos oitenta. Há uns dez anos. Já não são iniciantes, nem signatários de “espetáculos promissores”. Eles são. Tal como eles são. À margem, fora do teatro habitual. Mas, quando podem, quando querem, eles sabem ocupar a artilharia pesada das instituições. Com o risco de se fazer alvo.
Conhecidos ou desconhecidos, não aspiram – como as companhias da AJT (Action pour le jeune théâtre, Ação pelo teatro jovem) dos anos setenta – a tomar o lugar dos abonados. Não é que as roupas das instituições maiores ou menores não sejam de seu tamanho, mas são vestimentas com as quais eles não têm o que fazer. O sucesso, quando acontece, os conforta em seu radicalismo. Assim são o teatro do Radeau (François Tanguy), o Royal de Luxe (Jean-Luc Courcoult) ou o Théâtre Machine (Stéphane Braunschweig). Esse trio não é um quadro-de-honra, mas um conjunto de exemplos. Isto vale para tudo o que se segue.


Em dez anos, sob o governo Mitterand, portanto, eles viram a paisagem do teatro institucional aqui se fossilizar em espetáculos de funcionários (“preencher o caderno dos cargos”), ali deslizar para o estrelato, o efeito-espetáculo de espetáculos de efeito. Viram a distribuição aviltar-se como casting, a empreitada teatral virar teatro concebido tal como uma empresa (PME – Pequena e Média Empresa), o público tornar-se um alvo, um álibi (sala cheia). Viram o ibope valer como exigência. Viram diretores serem para o teatro o que os apresentadores de telejornal são para a informação. Viram o triunfo daquilo que Michel Deutsch nomeia o “neo-boulevard”. Viram a apoteose da caixa registradora e consensual de um consumo de clássicos bem ilustrados.


Eles viram isso. Sem que isso engendre entre eles nem um excesso de ódio, nem a menor inveja. Antes uma indiferença, uma incompreensão. Às vezes raiva. Esse teatro não lhes dizia nada. Então, eles não conversaram com ele. Isso trouxe conforto a seu modo de trabalhar autonomamente em relação a esse vasto sistema institucional que, de resto, funcionava fechado em si mesmo: as grandes casas se convidavam, se co-produziam etc. Eles souberam muito cedo que só deveriam contar consigo mesmos, isto é, com alguns poucos.


Alguns itinerários semeados com espetáculos e alguns professores acompanharam a formação de muitos. A Emballage Théâtre tirou seu nome de Kantor, que é uma referência constante de Cantarella e de muitos outros. Pina Bausch retorna freqüentemente às conversas, Wilson, Grüber também, e Tarkovski. “Aqueles que nos influenciam são freqüentemente criadores que tentaram ir além do teatro”, resume Thierry Roisin, do grupo Beaux Quartiers. Xavier Durringer, orientador da Compagnie de la Lézarde, que nunca viu um espetáculo de Chéreau (não conta vantagem disso, é simplesmente assim), lê e relê os escritos de Scorsese. O Ballatum Théâtre gosta em Chéreau de “sua ausência de discurso, seu lado à flor da pele”, mas “pressente” que seu teatro, como o de Lassalle, “não é nosso mundo – eles fazem parte da História”, diz, a seu modo, Stéphane Braunschweig. O Ballatum foi fazer um estágio com Grotowski, de quem pegou um tanto e depois deixou.
Na França, dois faróis os iluminaram melhor do que outros: Régy e Vitez. Hélène Alexandridis, Marc François, Etienne Pommeret, Xavier Marchand e outros tiveram Claude Régy como professor no Conservatório de Paris. Preciosos são seus espetáculos e tanto quanto, senão mais, sua posição atípica na paisagem, suas escolhas de textos, sua exigência, sua obstinação em não fazer pacto, nem em se instalar. Eles se reconhecem, quando Régy escreve (em Espaces perdus, éditions Plon): “eu acredito nas intersecções, não acredito no confusionismo. Acredito no princípio do exagero, na utopia, na não-rentabilidade”.


Stéphane Braunschweig não é o único a ter sido aluno da escola Deillot na época de Vitez. “Era uma autoridade moral, a única pessoa da instituição com quem se podia entrar em polêmica, e não há ninguém para substituí-lo, diz ele. Com sua morte, de um dia para o outro, eu me afirmei cada vez mais como diretor teatral e cada vez menos como diretor de grupo”.
De grupo. Não de trupe. O grupo, o bando, é uma comunidade aberta. A gente entra, sai, volta. “A gente se atém ao termo grupo, o termo companhia nos incomoda”, diz Thierry Roisin. Solicitada aqui e ali como diretora, Isabelle Pousseur pretende não renunciar ao essencial: “a constituição de uma equipe de trabalho: dividir a criação e juntar forças e tudo o que gira em torno do fenômeno do risco, do desafio, da expedição aventurosa”. “Grupo é também uma resposta à economia do teatro: a gente engole sapo mais facilmente juntos”, dizem Eric Lacascade e Gui Alloucherie, as duas cabeças-de-ponte do Ballatum Théâtre.


De um bando a outro, os salários mensais oscilam em média entre 7.000 e 10.000 francos. Vacas magras. Eles se viram com isso. É que desconfiam do mercado, de suas leis, das produções deformadas em produtos, da rentabilidade imediata, do fazer por fazer. “Não trabalho para o imediato”, diz Bruno Meyssat, do Théâtre du Chaman, “é o que se deposita na memória que conta. Sou mais do tipo lento. Se não tenho nada para dizer e para fazer, por que ir além?”.


Se os tempos de ensaio são freqüentemente longos, é também porque o espetáculo que está no fim é menos uma finalidade (um produto) do que uma base do modo de produção. É preciso “renunciar a certas balizas”, diz Radeau, “ter paciência” para que “no espaço que sempre se move da sala de ensaio surjam novas formas, novas ocupações, embora efêmeras, menos precisas”. O lugar desse teatro de bando não é propriamente um teatro bem equipado, uma sala de espetáculos superconfortável, é precisamente um lugar. Um local. “Espaços livres, espaços vazios, em que tudo pode ser inscrito”, nota Régy. “Um espaço de experiência, completamente fora do campo da produção”, reivindica o belga Jacques Delcuvellerie, do Grupov. Marc François sonha com um “lugar atípico, vago, desligado de sua função inicial, mas não vazio”. Locais onde demorar-se, devanear, viver. Sem palcos rentabilizados a serviço de ensaios intensivos, cadenciados. Utópico? E então...


Sem esperar uma bênção do Ministério, constituiu-se de fato uma outra rede ao lado da rede dos grandes palcos institucionais. Onde se acompanham co-produtores-diretores (ler artigo anexo). Sem distinção por gerações. O próximo espetáculo de Régy é co-produzido pela rede alternativa. Em Montluçon, os Fédérés vão receber o Ballatum e co-produzir a primeira encenação de Gabily com atores vindos do bando de Braunschweig. O APA (Atores Produtores Associados), em parte formado por atores de idade e história diferentes (alguns como André Wilms e Evelyne Didi, viveram os anos TNS de Jean-Pierre Vincent), participam dessa paisagem de bandos garantindo uma não-atuação mínima. Quando Michel Deutsch, Jean-Paul Wenzel (dos Fédérés) e André Wilms (do APA) se encontram em Avignon duas noites sem teatro aberto, eles assinam um espetáculo e um bando que marca uma ruptura com aquele que foi por muito tempo seu partidário: Jean-Pierre Vincent. É preciso “atacar novamente” o teatro, como diz Olivier Perrier (o outro pilar dos Fédérés). Como franco-atiradores. É este o tempo dos bandos.


Aí existe um sopro. No Ministério da Cultura, o projeto que visa reativar as três salas do Théâtre de la Cité Internationale vai parcialmente na direção deste vento. Sua nova diretora, Nicole Gauthier, vem, aliás, do ONDA (sigla, em francês, para Escritório Nacional de Difusão Artística), de onde Philippe Thiry encorajou financeiramente mais de um bando a por seus espetáculos para rodar. No Ministério das Relações Exteriores, Jean Digne, o novo diretor da AFAA (Associação Francesa de Ação Artística), e seus colaboradores (entre os quais Jean-Jacques Samary, ex-Libération) criaram um “colégio teatro” com quinze diretores e grupos que, em ordem alfabética, vai de Stéphane Braunschweig a Christian Schiaretti. A Academia Experimental dos Teatros, dirigida por Michel Kokosowski, que vai se instalar no Théâtre du Rond-Point, organiza oficinas, encontro entre atores e diretores antigos e novos, franceses e estrangeiros. Enfim, nesses últimos, viu-se em Rennes, Strasbourg ou Dijon (ler texto anexado) serem criados novos festivais centrados nesses grupos. O Festival de Avignon (Morel, Meyssat, Pousseur, Anne, Rambert, Royal de Luxe, Zíngaro foram programados na mostra principal) e, em menor medida, o Festival de Outono (o Radeau está no programa pelo terceiro ano consecutivo) não os ignora.


Caso julguemos pelas programações da próxima temporada que nos chegaram, parece que esse vento sopra cada vez mais forte. Tudo é possível. Do furacão à tempestade num copo d’água, sem esquecer a brisa leve da recuperação ou o chuvisco do compromisso.


Neste dia, às 17 horas no pomar Urbain V, Libération co-organiza um encontro com sete desses bandos. Resenha no jornal de quinta-feira. Então, a acompanhar.


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Pósfácio

Dezessete anos depois de sua estrondosa emergência, o que se tornaram esses bandos? Antes de passá-los em revista, constatemos que eles não puderam vencer a inércia de um sistema que ainda é vigente, mesmo que diferentes reformas tenham tentado melhorá-lo de dentro.


Não é espantoso portanto que a maioria tenha acabado por jogar o jogo da instituição, aceitando a direção de uma estrutura. É o caso de Stéphane Braunschweig, que foi diretor do teatro nacional de Strasbourg e prepara-se para assumir a direção do Théâtre de la Colline em Paris, de Christian Schiaretti, que depois do CND de Reims está hoje à frente do Teatro Nacional Popular de Villeurbanne, é também o caso de Olivier Py, que depois do CDN de Orléans foi levado à direção do teatro do Odéon em Paris. Citemos ainda Thierry Roisin que está no CDN de Béthune e Pascal Rambert que, no ano passado, substituiu, à frente do CDN de Gennevilliers, Bernard Sobel, que foi um dos raros diretores da antiga geração a acolher em seu espaço os bandos de teatro. Por fim, Robert Cantarella, depois de ter dirigido o CDN de Dijon, prepara-se para dirigir em Paris o 104 com Frédirick Fisbach, novo espaço financiado pela prefeitura de Paris.


O caso do Ballatum Théâtre, co-dirigido por Eric Lacascade e Guy Alloucherie, é significativo. Sem poder convencer as autoridades a estabelecer para eles um espaço próprio, num depósito de uma mina de sua região natal, o norte operário, resolveram aceitar a direção do CDN da Normandie, longe de seu feudo. Mas o Ministério só tolera as direções nomeadas e recusa as direções colegiadas. Lacascade foi então nomeado. A dupla não resistiu e Alloucherie voltou ao norte para fundar sua própria companhia. Lacascade ficou por nove anos à frente do CDN e quando saiu, há dois anos, tomou-se como pretexto o déficit que ele deixara para privá-lo de subsídios. De fato, o governo de direita o fez pagar por sua atividade intensa no movimento de protesto da profissão (o governo queria prejudicar o regime de seguridade social e de desemprego de artistas). E por ter sido a vanguarda do combate que levou à anulação de uma edição do festival de Avignon.


Um outro caso significativo, o de Stanislas Nordey. Nomeado para a direção do Théâtre Gerard Philipe de Saint Denis em 1998, ele preconiza um “teatro cidadão”, decide dividir a subvenção de seu teatro com vários grupos e tenciona colocar o espectador no centro da representação. Durante dois anos foi uma louca efervescência, mas uma gestão arriscada pôs termo à aventura. Hoje Nordey dirige a escola de atores do teatro nacional de Bretagne. Como inúmeros artesãos do teatro de grupo, ele se preocupa com transmissão e formação.


Xavier Duringer, por sua vez, voltou-se para o cinema, a companhia Emballage Théâtre acabou. Alguns como Bruno Meyssat e Chantal Morel ficaram fora das instituições. Assim como Marc François, hoje morto. Didier-Georges Gabily desapareceu tragicamente em 1995, deixando seu grupo, T’chan’G, sozinho. Mas vários de seus atores, como Jean-François Sivadier, Yann-Joël Collin, Serge Tranvouez ou Nadia Vonderheyden, prosseguindo suas carreiras de atores, tornaram-se apreciados encenadores.


Fica um lugar emblemático, uma grande conquista: a Fonderie (Fundição) em Mains (cidade do oeste a uma hora de TGV de Paris) do teatro do Radeau (dirigido por François Tanguy) aberta em 1992. Um lugar mágico que é, para o teatro de grupo dos anos 90, o que a Cartucherie de Vincennes foi para a geração de 68. Instalado numa antiga garagem para ônibus, é um lugar à parte onde sopra o vento do pensamento e a brisa da amizade, um lugar de trabalho aonde os grupos vão trabalhar, ensaiar, encontrando aí abrigo. Foi um longo combate para obter a perenidade e o financiamento desse projeto que queria ser “um lugar de trabalho permanente, não de espetáculos”, uma enseada de paz onde dar tempo ao tempo, longe do circuito cada vez mais mercantil das salas de espetáculos. Uma oficina permanente. O lugar acabou por surgir e nunca derrogou seu espírito. Ao longo dos anos a Fonderie cresceu. François Tanguy, esse poeta do palco, aí modela espetáculos de beleza inigualável, que cria em um subúrbio da cidade, debaixo de uma tenda. Claude Régy, que com mais de oitenta anos permanece um modelo de irreverência e de exigência para essa geração dos bandos, gosta de demorar-se algumas noites na Fonderie cujo projeto ele apadrinhou.


Não é espantoso observar, para concluir, que é nesse teatro dos bandos que se encontrou ou reencontrou-se o fermento político abandonado pela maioria de seus antecessores. A guerra do Golfo, a guerra da Bósnia, Ruanda, para citar apenas essas três tragédias, ocuparam a vida e os espetáculos mais radicais entre eles.
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Matéria coletada da Camarim 42.
As fotos desta matéria não são de bandos franceses, mas são nossos companheiros da Terreira da Tribo e são bando.Quanto as fotos do nosso bando, veja várias em http://www.fotolog.com/teatro_furia
se desejar.
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