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A EVOLUÇÃO DO RECLAIM THE STREETS
Centro de Mídia Independente
O grupo de ação direta Reclaim the Streets (RTS) ganhou bastante reconhecimento nos últimos anos. De bloqueios de estradas a festas de rua, de greves de empresas de petróleo à organização dos trabalhadores; cada vez mais suas ações e idéias estão atraindo pessoas e a atenção internacional. No entanto, o surgimento aparentemente repentino deste grupo, sua penetração na cultura alternativa popular e sua filosofia foram poucas vezes discutidas.
O RTS foi formado originalmente em Londres, no outono de 1991, mais ou menos no mesmo período em que surgiu o movimento contra as estradas. Com a batalha pelo Twyford Down zunindo no fundo, um pequeno grupo de indivíduos se juntou para retomar as ações diretas contra os carros. Nas suas próprias palavras eles estavam fazendo uma campanha:
"POR caminhadas, pedaladas e por transporte público barato ou de graça e CONTRA carros, estradas e o sistema que os criaram".
O seu trabalho foi em pequena escala, mas efetivo e, mesmo nesta época, tinha elementos audaciosos, táticas surpreendentes que moldaram as ações mais recentes do RTS. Houve o episódio do carro destruído no acostamento, simbolizando a chegada do carroarmagedon, linhas de divisão de pista “faca você mesmo” durante a noite pelas ruas de Londres, interrupção da exposição Earls Court Motor Show em 1993 e ações de intervenção em propagandas de carro pela cidade. Entretanto, a preparação da campanha contra a rodovia M11 deu ao grupo um foco mais local e o RTS foi absorvido temporariamente na campanha contra a M11 no leste de Londres.
O período da campanha contra a M11 foi significante por diversas razões. Enquanto Twyford Down era uma campanha predominantemente ecológica – ao defender uma área “natural” – a localização urbana da resistência à construção da M11 permitiu englobar tanto questões sociais quanto políticas. Além dos argumentos antirodovias e ecológicos, havia uma significativa comunidade urbana que enfrentou a destruição do seu ambiente social com a perda de lares, degradação da qualidade de vida e fragmentação da comunidade.
Além destas considerações políticas e sociais, a campanha contra a M11 permitiu o aumento da prática da ação direta entre os envolvidos. Árvores-telefones foram construídas, um número grande de pessoas esteve envolvida em ocupações de áreas, multidões de ativistas tiveram que utilizar manobras para passar a perna na polícia. Os manifestantes também ganharam experiência e aprenderam a lidar com certas funções como publicidade, mídia e doações.
Depois, no final de 1994, uma granada política foi lançada na arena da campanha contra a M11: a Justiça Criminal e a Ação de Ordem Pública. Da noite para o dia, protestos se tornaram um ato criminoso. Mas o que governo não esperava era que essa legislação iria unir e motivar os diversos grupos que ela tinha tentado reprimir. A luta dos ativistas anti-rodovias se tornou um sinônimo de viajantes, ocupas e sabotadores de calçadas. Em particular, a repentina cena rave politizada se tornou um foco social comum para muitas pessoas.
A campanha contra a M11 terminou na batalha simbólica e dramática de Claremont Road. Finalmente, com as batidas repetitivas de Prodigy ao fundo, a polícia e os seguranças dominaram as barricadas, as barreiras humanas e os andaimes, mas a guerra estava apenas começando. A época da campanha contra a M11 criou uma nova aliança política e social e, no meio da campanha, fortes amizades entre ativistas foram formadas. Quando a Rodovia Claremont foi perdida, o coletivo procurou novas formas de expressão e o Reclaim the Streets foi formado em fevereiro de 1995.
Os anos que se passaram viram o crescimento do RTS. As festas de ruas I e II foram feitas com grande sucesso no verão de 1995 e ocorreram várias ações contra a Shell, a embaixada da Nigéria e a exposição Motor Show de 1995. Depois, em julho de 1996, houve o sucesso massivo da festa de rua da M41, onde durante nove horas 8 mil pessoas tomaram conta da rodovia M41, no oeste de Londres, festejaram e se divertiram. Alguns arrancaram pedaços da pista com pás e nos seus lugares plantaram árvores que foram resgatadas da construção da M11.
Em um nível base, RTS continuou a se concentrar nos carros, mas isto tem se tornado algo simbólico, não especifico. O RTS procura inicialmente criar debates sobre as lutas contra as estradas, levantar a questão do custo social e ecológico do sistema de carros:
Os carros que ocupam as ruas estreitaram os pavimentos... (Se) os pedestres… quiserem olhar uns aos outros, eles vão ver carros no fundo, se eles querem olhar para o prédio do outro lado da rua eles vão ver carros pela rua: não existe um único ângulo de visão onde os carros não sejam vistos, de trás, pela frente, dos dois lados. O seu barulho onipresente corrói todos os momentos de contemplação como se fosse ácido. Os carros dominam as nossas cidades, poluem, congestionam e dividem as comunidades. Eles isolaram as pessoas umas das outras e tornaram nossas ruas meros meios para veículos motorizados passarem sem qualquer respeito pelas pessoas que estão perturbando. Os carros criaram vazios sociais: ao permitir às pessoas se moverem cada vez mais distantes de suas casas, ao dispersar e fragmentar atividades cotidianas e ao aumentar o anonimato social. O RTS acredita que se nos livrarmos do carro poderemos recriar um ambiente mais seguro e mais atrativo para se viver, poderemos devolver as ruas para as pessoas que vivem nelas e, talvez, redescobrir um senso de “solidariedade social”.
Mas os carros são apenas um pedaço do quebra-cabeça e o RTS está também levantando as amplas questões por trás da questão dos transportes – sobre as forças políticas e econômicas que guiam a “ cultura do automóvel”. Os governos dizem que “as rodovias são boas para a economia”: mais bens sendo transportados a longas distâncias, mais petróleo sendo queimado, mais consumidores em supermercados fora das cidades – está tudo relacionado com o aumento do “consumo”, porque existe um indicador de “crescimento da economia”; está ligado à cobiça, à exploração em curto prazo de recursos cada vez menores sem preocupação com os custos a longo prazo. Por isso o ataque do RTS aos carros não pode se desligar de um amplo ataque ao próprio capitalismo.
"Nossas ruas estão cheias de capitalismo como estão de carros e a poluição do capitalismo é muito mais insidiosa" (Panfleto)
O mais importante para o RTS é encorajar mais pessoas a tomarem parte em ações diretas. Todos sabem da destruição que os carros e as rodovias causam. Mesmo assim os políticos ainda não percebem. Não surpreendente – eles apenas se importam com o poder e a manutenção da “autoridade” deles sobre a maioria das pessoas. A ação direta serve para destruir o poder e a autoridade e para as pessoas criarem responsabilidade por elas mesmas. A ação direta não é apenas uma tática, é um fim nela mesma. É permitir às pessoas unirem-se como indivíduos com algum desejo em comum, é mudar as coisas diretamente através das suas próprias ações.
As festas de rua I, II e III foram uma expressão engenhosa das idéias do RTS. Elas incorporaram as mensagens numa fórmula inspirada: ações diretas criativas, fortalecimento do poder das pessoas, diversão, humor e festa. Eles envolveram festivais abertos para todos que se sentem irritados com a sociedade convencional.
Em certa medida é possível traçar as táticas por detrás das festas de rua na história do RTS. A mobilização, o envolvimento e movimento de grandes multidões desenham o formato das manifestações de estradas. O uso de um sistema de som, traça a cultura popular dominante, de onde veio a inspiração inicial para festas de ruas e certamente mostra que as suas raízes estão aprofundadas na história. Os grande momentos revolucionários sempre foram grandes festivais populares – a queda da Bastilha, a Comuna de Paris e a rebelião de 1968, só para lembrar algumas.
O carnaval comemora uma libertação temporária da ordem estabelecida, marca a suspensão de toda hierarquia, posições, privilégios, normas e proibições. Multidões de pessoas vão para as ruas tomadas pela descoberta do seu poder e sua unificação através da celebração de suas próprias idéias e criações. Segue que tanto o carnaval quanto as revoluções não são espetáculos vistos por outras pessoas, mas, pelo contrário, envolvem a participação ativa da própria multidão. A idéia envolve todas as pessoas. As festas de rua do RTS têm mobilizado com sucesso essa emoção.
O poder que essas atividades mobilizam desafia a autoridade do estado e chama assim a atenção da polícia e dos serviços secretos sobre o RTS. A organização de qualquer forma de ação direta por grupos é investigada minuciosamente. O RTS está bastante atento a isso. Os veículos que carregavam equipamentos já foram revistados, seguidos e confiscados no seu caminho para as festas de rua. O escritório do RTS já teve batidas, os telefones já foram grampeados e ativistas do RTS já foram seguidos, ameaçados e acusados de formação de quadrilha. No meio disto tudo, uma ação secreta do RTS em dezembro de 1996 (uma tentativa de confiscar um tanque BP na rodovia M25) foi frustrada com a presença inesperada de duzentos policiais no local da reunião dos ativistas. É incerto como tal informação foi obtida pela polícia e esse tipo de coisa pode levar facilmente à paranóia dentro do grupo, medo de infiltração, ansiedade e suspeita que podem ser muito enfraquecedoras.
Mas o RTS não desanimou. Eles promovem reuniões abertas todas as semanas, continuam a se expandir e a envolver novas pessoas e são freqüentemente contatados por outros grupos de ação direta. Alianças foram feitas com outros grupos – os grevistas do cais de Liverpool, por exemplo – como um reconhecimento de territórios em comum entre as lutas. Em todo o Reino Unido e Europa, novos grupos locais do RTS foram formados e no verão já é normal ver festas de rua pelo mundo afora. Esses novos grupos não foram criados pelo RTS de Londres, eles são completamente autônomos. O RTS de Londres meramente atuou como um catalisador, estimulando indivíduos a reproduzirem as idéias se elas forem apropriadas para outras pessoas utilizarem-nas também.
De várias maneiras a evolução do RTS tem tido um progresso lógico que reflete as suas raízes e experiências. Da mesma forma, as formas de expressão que o RTS tem adotado são apenas interpretações modernas de formas antigas de protestos: a ação direta não é uma coisa nova. Como seus companheiros através da história, o RTS é um grupo lutando por uma sociedade melhor numa época onde a maioria das pessoas se sente alienada e preocupada com o sistema atual. O seu sucesso vem da ingenuidade em encorajar as pessoas, na persistência em articular as diferentes questões e na capacidade de inspirar. Entre no site do Reclaim The Streets (www.reclaimthestreets.net )
Texto tirado do Ação Direta, jornal impresso do CMI (www.midiaindependente.org).
tirado pela rizoma.net e nós dela
Centro de Mídia Independente
O grupo de ação direta Reclaim the Streets (RTS) ganhou bastante reconhecimento nos últimos anos. De bloqueios de estradas a festas de rua, de greves de empresas de petróleo à organização dos trabalhadores; cada vez mais suas ações e idéias estão atraindo pessoas e a atenção internacional. No entanto, o surgimento aparentemente repentino deste grupo, sua penetração na cultura alternativa popular e sua filosofia foram poucas vezes discutidas.
O RTS foi formado originalmente em Londres, no outono de 1991, mais ou menos no mesmo período em que surgiu o movimento contra as estradas. Com a batalha pelo Twyford Down zunindo no fundo, um pequeno grupo de indivíduos se juntou para retomar as ações diretas contra os carros. Nas suas próprias palavras eles estavam fazendo uma campanha:
"POR caminhadas, pedaladas e por transporte público barato ou de graça e CONTRA carros, estradas e o sistema que os criaram".
O seu trabalho foi em pequena escala, mas efetivo e, mesmo nesta época, tinha elementos audaciosos, táticas surpreendentes que moldaram as ações mais recentes do RTS. Houve o episódio do carro destruído no acostamento, simbolizando a chegada do carroarmagedon, linhas de divisão de pista “faca você mesmo” durante a noite pelas ruas de Londres, interrupção da exposição Earls Court Motor Show em 1993 e ações de intervenção em propagandas de carro pela cidade. Entretanto, a preparação da campanha contra a rodovia M11 deu ao grupo um foco mais local e o RTS foi absorvido temporariamente na campanha contra a M11 no leste de Londres.
O período da campanha contra a M11 foi significante por diversas razões. Enquanto Twyford Down era uma campanha predominantemente ecológica – ao defender uma área “natural” – a localização urbana da resistência à construção da M11 permitiu englobar tanto questões sociais quanto políticas. Além dos argumentos antirodovias e ecológicos, havia uma significativa comunidade urbana que enfrentou a destruição do seu ambiente social com a perda de lares, degradação da qualidade de vida e fragmentação da comunidade.
Além destas considerações políticas e sociais, a campanha contra a M11 permitiu o aumento da prática da ação direta entre os envolvidos. Árvores-telefones foram construídas, um número grande de pessoas esteve envolvida em ocupações de áreas, multidões de ativistas tiveram que utilizar manobras para passar a perna na polícia. Os manifestantes também ganharam experiência e aprenderam a lidar com certas funções como publicidade, mídia e doações.
Depois, no final de 1994, uma granada política foi lançada na arena da campanha contra a M11: a Justiça Criminal e a Ação de Ordem Pública. Da noite para o dia, protestos se tornaram um ato criminoso. Mas o que governo não esperava era que essa legislação iria unir e motivar os diversos grupos que ela tinha tentado reprimir. A luta dos ativistas anti-rodovias se tornou um sinônimo de viajantes, ocupas e sabotadores de calçadas. Em particular, a repentina cena rave politizada se tornou um foco social comum para muitas pessoas.
A campanha contra a M11 terminou na batalha simbólica e dramática de Claremont Road. Finalmente, com as batidas repetitivas de Prodigy ao fundo, a polícia e os seguranças dominaram as barricadas, as barreiras humanas e os andaimes, mas a guerra estava apenas começando. A época da campanha contra a M11 criou uma nova aliança política e social e, no meio da campanha, fortes amizades entre ativistas foram formadas. Quando a Rodovia Claremont foi perdida, o coletivo procurou novas formas de expressão e o Reclaim the Streets foi formado em fevereiro de 1995.
Os anos que se passaram viram o crescimento do RTS. As festas de ruas I e II foram feitas com grande sucesso no verão de 1995 e ocorreram várias ações contra a Shell, a embaixada da Nigéria e a exposição Motor Show de 1995. Depois, em julho de 1996, houve o sucesso massivo da festa de rua da M41, onde durante nove horas 8 mil pessoas tomaram conta da rodovia M41, no oeste de Londres, festejaram e se divertiram. Alguns arrancaram pedaços da pista com pás e nos seus lugares plantaram árvores que foram resgatadas da construção da M11.
Em um nível base, RTS continuou a se concentrar nos carros, mas isto tem se tornado algo simbólico, não especifico. O RTS procura inicialmente criar debates sobre as lutas contra as estradas, levantar a questão do custo social e ecológico do sistema de carros:
Os carros que ocupam as ruas estreitaram os pavimentos... (Se) os pedestres… quiserem olhar uns aos outros, eles vão ver carros no fundo, se eles querem olhar para o prédio do outro lado da rua eles vão ver carros pela rua: não existe um único ângulo de visão onde os carros não sejam vistos, de trás, pela frente, dos dois lados. O seu barulho onipresente corrói todos os momentos de contemplação como se fosse ácido. Os carros dominam as nossas cidades, poluem, congestionam e dividem as comunidades. Eles isolaram as pessoas umas das outras e tornaram nossas ruas meros meios para veículos motorizados passarem sem qualquer respeito pelas pessoas que estão perturbando. Os carros criaram vazios sociais: ao permitir às pessoas se moverem cada vez mais distantes de suas casas, ao dispersar e fragmentar atividades cotidianas e ao aumentar o anonimato social. O RTS acredita que se nos livrarmos do carro poderemos recriar um ambiente mais seguro e mais atrativo para se viver, poderemos devolver as ruas para as pessoas que vivem nelas e, talvez, redescobrir um senso de “solidariedade social”.
Mas os carros são apenas um pedaço do quebra-cabeça e o RTS está também levantando as amplas questões por trás da questão dos transportes – sobre as forças políticas e econômicas que guiam a “ cultura do automóvel”. Os governos dizem que “as rodovias são boas para a economia”: mais bens sendo transportados a longas distâncias, mais petróleo sendo queimado, mais consumidores em supermercados fora das cidades – está tudo relacionado com o aumento do “consumo”, porque existe um indicador de “crescimento da economia”; está ligado à cobiça, à exploração em curto prazo de recursos cada vez menores sem preocupação com os custos a longo prazo. Por isso o ataque do RTS aos carros não pode se desligar de um amplo ataque ao próprio capitalismo.
"Nossas ruas estão cheias de capitalismo como estão de carros e a poluição do capitalismo é muito mais insidiosa" (Panfleto)
O mais importante para o RTS é encorajar mais pessoas a tomarem parte em ações diretas. Todos sabem da destruição que os carros e as rodovias causam. Mesmo assim os políticos ainda não percebem. Não surpreendente – eles apenas se importam com o poder e a manutenção da “autoridade” deles sobre a maioria das pessoas. A ação direta serve para destruir o poder e a autoridade e para as pessoas criarem responsabilidade por elas mesmas. A ação direta não é apenas uma tática, é um fim nela mesma. É permitir às pessoas unirem-se como indivíduos com algum desejo em comum, é mudar as coisas diretamente através das suas próprias ações.
As festas de rua I, II e III foram uma expressão engenhosa das idéias do RTS. Elas incorporaram as mensagens numa fórmula inspirada: ações diretas criativas, fortalecimento do poder das pessoas, diversão, humor e festa. Eles envolveram festivais abertos para todos que se sentem irritados com a sociedade convencional.
Em certa medida é possível traçar as táticas por detrás das festas de rua na história do RTS. A mobilização, o envolvimento e movimento de grandes multidões desenham o formato das manifestações de estradas. O uso de um sistema de som, traça a cultura popular dominante, de onde veio a inspiração inicial para festas de ruas e certamente mostra que as suas raízes estão aprofundadas na história. Os grande momentos revolucionários sempre foram grandes festivais populares – a queda da Bastilha, a Comuna de Paris e a rebelião de 1968, só para lembrar algumas.
O carnaval comemora uma libertação temporária da ordem estabelecida, marca a suspensão de toda hierarquia, posições, privilégios, normas e proibições. Multidões de pessoas vão para as ruas tomadas pela descoberta do seu poder e sua unificação através da celebração de suas próprias idéias e criações. Segue que tanto o carnaval quanto as revoluções não são espetáculos vistos por outras pessoas, mas, pelo contrário, envolvem a participação ativa da própria multidão. A idéia envolve todas as pessoas. As festas de rua do RTS têm mobilizado com sucesso essa emoção.
O poder que essas atividades mobilizam desafia a autoridade do estado e chama assim a atenção da polícia e dos serviços secretos sobre o RTS. A organização de qualquer forma de ação direta por grupos é investigada minuciosamente. O RTS está bastante atento a isso. Os veículos que carregavam equipamentos já foram revistados, seguidos e confiscados no seu caminho para as festas de rua. O escritório do RTS já teve batidas, os telefones já foram grampeados e ativistas do RTS já foram seguidos, ameaçados e acusados de formação de quadrilha. No meio disto tudo, uma ação secreta do RTS em dezembro de 1996 (uma tentativa de confiscar um tanque BP na rodovia M25) foi frustrada com a presença inesperada de duzentos policiais no local da reunião dos ativistas. É incerto como tal informação foi obtida pela polícia e esse tipo de coisa pode levar facilmente à paranóia dentro do grupo, medo de infiltração, ansiedade e suspeita que podem ser muito enfraquecedoras.
Mas o RTS não desanimou. Eles promovem reuniões abertas todas as semanas, continuam a se expandir e a envolver novas pessoas e são freqüentemente contatados por outros grupos de ação direta. Alianças foram feitas com outros grupos – os grevistas do cais de Liverpool, por exemplo – como um reconhecimento de territórios em comum entre as lutas. Em todo o Reino Unido e Europa, novos grupos locais do RTS foram formados e no verão já é normal ver festas de rua pelo mundo afora. Esses novos grupos não foram criados pelo RTS de Londres, eles são completamente autônomos. O RTS de Londres meramente atuou como um catalisador, estimulando indivíduos a reproduzirem as idéias se elas forem apropriadas para outras pessoas utilizarem-nas também.
De várias maneiras a evolução do RTS tem tido um progresso lógico que reflete as suas raízes e experiências. Da mesma forma, as formas de expressão que o RTS tem adotado são apenas interpretações modernas de formas antigas de protestos: a ação direta não é uma coisa nova. Como seus companheiros através da história, o RTS é um grupo lutando por uma sociedade melhor numa época onde a maioria das pessoas se sente alienada e preocupada com o sistema atual. O seu sucesso vem da ingenuidade em encorajar as pessoas, na persistência em articular as diferentes questões e na capacidade de inspirar. Entre no site do Reclaim The Streets (www.reclaimthestreets.net )
Texto tirado do Ação Direta, jornal impresso do CMI (www.midiaindependente.org).
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