quinta-feira, 5 de março de 2009

6 - BERTOLD BRECHT - VIDA E OBRA DOS VELHOS NOBRES


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Bertolt Brecht (Augsburg, 10 de Fevereiro de 1898 — Berlim, 14 de Agosto de 1956) foi um destacado dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX. Seus trabalhos artísticos e teóricos influenciaram profundamente o teatro contemporâneo, tornando-o mundialmente conhecido pelas apresentações de sua companhia o Berliner Ensemble realizadas em Paris durante os anos 1954 e 1955.
Ao final dos anos 1920 Brecht torna-se marxista, vivendo o intenso período das mobilizações da República de Weimar, desenvolvendo o seu 'teatro épico', que, de certa forma, sintetizava os experimentos políticos na Alemanha de
Erwin Piscator e do russo Vsevolod Emilevitch Meyerhold, influenciado pelo teatro experimental da Rússia soviética, entre os anos 1917-1926. Explorava assim Brecht o teatro como um fórum de discussões das complicadas relações humanas dentro do sistema capitalista, criando sua versão de um drama épico, na perspectiva de uma estética marxista.

Biografia
Nascido Eugen Berthold Friedrich Brecht na Baviera, Brecht estudou Medicina e trabalhou como enfermeiro num hospital em Munique durante a Primeira Guerra Mundial. Filho da burguesia, sofreu, como todos em seu país, a sensação de desolamento de encarar um país completamente destruído pela guerra.
Depois da guerra mudou-se para Berlim, onde o influente crítico, Herbert Ihering, chamou-lhe a atenção para a apetência do público pelo teatro moderno. Já em Munique, as suas primeiras peças (Baal (1918/1926) "Tambores na Noite" Trommeln in der Nacht(1918-1920) ) foram levadas ao palco e Brecht conheceu Erich Engel com quem veio a trabalhar até ao fim da sua vida. Em Berlim, a peça Im Dickicht der Städte, protagonizado por Fritz Kortner e dirigido por Engel, tornou-se o seu primeiro sucesso.
O totalitarismo afirmava-se como a força renovadora que não só iria reerguer o país, como se outorgava a missão de reviver o Sacro Império Romano-Germânico. Mas, ao mesmo tempo, chegavam à Alemanha influências da recém formada União Soviética. É a este último grupo que Brecht vai se unir, na ânsia de debelar o seu desespero existencial. No entanto, depois de Hitler eleito em 1933 Brecht não estava totalmente seguro na Alemanha Nazista, exilando-se na Áustria, Suíça, Dinamarca, Finlândia, Suécia, Inglaterra, Rússia e finalmente nos Estados Unidos. Recebeu o Prêmio Lênin da Paz em 1954.

Obra
As suas principais influências foram Constantin Stanislavski, Vsevolod Emilevitch Meyerhold e Erwin Piscator.
Algumas de suas principais obras são: Um Homem É um Homem, em que cresce a idéia do homem como um ser transformável, Mãe Coragem e Seus Filhos, sobre a Guerra dos Trinta Anos, escrita no exílio no começo da Segunda Guerra Mundial, e A Vida de Galileu, drama biográfico com o qual Brecht encontra definitivamente o caminho do teatro dialético. Afirma Bernard Dort a respeito deste último:

... Galileu foi escrita, pelo menos originalmente, para servir de exemplo e de conselho aos sábios alemães tentados a abdicar seu saber nas mãos dos chefes nazistas.

Além dessas, escreveu Seu Puntila e seu Criado Matti, A Resistível Ascenção de Arturo Ui, O Círculo de Giz Caucasiano, A Boa Alma de Setzuan e A Ópera dos Três Vinténs.

"Bertolt Brecht". Escultura de bronze, por Fritz Cremer. Praça Bertolt Brecht, em Berlim

Teatro Épico
Além de dramaturgo e diretor, Brecht foi responsável por aprofundar o método de interpretação do teatro épico, uma das grandes teorias de interpretação do século xx. Uma das grandes influências no desenvolvimento desta forma de interpretação foi a arte do ator Mei Lan-Fang, que Brecht acompanhou numa representação em Moscou. Descreve Brecht em Escritos sobre Teatro um relato deste ator chinês que informa muito sobre a forma de interpretação no teatro épico, ao representar papéis femininos. Mei Lan-Fang repetira várias vezes numa palestra, por seu tradutor, que ele representava personagens femininos em cena, mas que não era imitador de mulheres ". Continua Brecht, descrevendo uma demonstração das técnicas deste ator num encontro, que este ator, de terno, executava certos movimentos femininos, ressaltando sempre a presença de duas personagens, um que apresentava e outro que era apresentado. Brecht sublinha que o ator chinês não pretendia andar e chorar como uma mulher, mas como uma determinada mulher (pg40, vol2).

Interpretação épica
No início de sua carreira Brecht estabelece os elementos de uma nova forma de interpretação para o ator. Em, a propósito dos critérios de apreciação da arte dramática, defende o ator Peter Lore de críticas negativas dizendo que uma interpretação gestual levará o público a exercer uma operação crítica do comportamento humano. Afirma que cada palavra deve encontrar um significado visual e através do gesto o espectador pode compreender as alternativas da cena (Peixoto, 1974, 2. edicão, pg; 68).
Peixoto descreve que para Brecht a interpretação gestual deve muito ao cinema mudo, principalmente a Chaplin, que elaborara uma nova forma de figuração do pensamento humano (Peixoto, 1974, 2. edicão, pg; 68). Esta preocupação levará a que Brecht defina o conceito de gestus na interpretação e montagem de suas peças.

Influências
Conforme destaca Jameson, algumas das inovações propostas pela cena brechtiana são similares àquelas propostas por importantes artistas modernistas no teatro ou em outras artes. Destacam-se entre eles a dramaturgia de Frank Wedekind, influência reconhecida pelo próprio Brecht, o romance Ulysses de James Joyce, as propostas cubo-futuristas ou construtivistas no cinema de Sergei Eisenstein, os procedimentos de colagem nos trabalhos de Picasso.
Willet reforça o aspecto da construção narrativa: Com Brecht os mesmos princípios de montagem espalham-se ao teatro pois a forma narrativa do teatro épico seria mais adequada para se lidar com temas sócio-econômicos, evidenciando Willet que a montagem foi a técnica estrutural mais natural na prática artística brechtiana(1978, 110).

Referências
Bertolt Brecht. Escritos sobre Teatro. Buenos Aires: Ediciones Nueva Visión. 3 vols. 1970, 1973, 1976.
John Willet. O Teatro de Brecht. Rio de Janeiro: Zahar, 1967.
Fernando Peixoto. Brecht Vida e Obra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974. 2a. Edição.
Silvana Garcia. As Trombetas de Jericó. Tese de doutorado. Eca/USP. 1997.

Livros e artigos
artigo de Eduardo Luiz Viveiros de Freitas em Dossiê Brecht - Brecht. Teatro, estética e política 2005
Anatol Rosenfeld. O Teatro Épico. SP: Editôra Perspectiva, 1985.
Bertolt Brecht. Escritos sobre Teatro. Buenos Aires: Ediciones Nueva Visión. 3 vols. 1970, 1973, 1976.
Gerd Bornheim. Brecht a Estética do Teatro. Rio de Janeiro: Graal, 1992.

Poemas


BLOG BRECHT POÉTICO DA INSURRETA MARÍLIA TORO
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Peças de teatro
Entradas com nome da tradução ao português (quando houver), título original, ano da escrita / ano da produção.
Baal (Baal) 1918/1923
Tambores na Noite (Trommeln in der Nacht) 1918-20/1922
Os mendigos (Der Bettler oder Der tote Hund) 1919/?
O Casamento do Pequeno Burgues (Die Kleinbürgerhochzeit) 1919/1926
(Er treibt einen Teufel aus) 1919/?
Lux in Tenebris (Lux in Tenebris) 1919/?
(Der Fischzug) 1919?/?
(Mysterien eines Friseursalons) (roteiro para cinema) 1923
Na Selva das Cidades (Im Dickicht der Städte) 1921-24/1923
A Vida de Edward II da Inglaterra (Leben Eduards des Zweiten von England) 1924/1924
(Der Untergang des Egoisten Johnann Fatzer) (fragmentos) 1926-30/1974
O Homem é um Homem (Mann ist Mann) 1924-26/1926
O Elefante Calf (Das Elefantenkalb) 1924-6/1926
Mahagonny (Mahagonny-Songspiel) 1927/1927
A Ópera dos Três Vintêns (Die Dreigroschenoper) 1928/1928
O Vôo no Oceano (Der Ozeanflug; originally Lindbergh's Flight [(Lindberghflug]) 1928-29/1929
A Peça de Baden-Baden (Badener Lehrstück vom Einverständnis) 1929/1929
Happy End (Happy End) 1929/1929
Ascenção e Queda da Cidade de Mahagonny (Aufstieg und Fall der Stadt Mahagonny) 1927-29/1930
Aquele que diz Sim, Aquele que diz Não (Der Jasager; Der Neinsager) 1929-30/1930-?
A Decisão (Die Maßnahme) 1930/1930
Santa Joana do Matadouros (Die heilige Johanna der Schlachthöfe) 1929-31/1959

Stamp from the former East Germany depicting Brecht and a scene from his Life of Galileo.
A Exceção e a Regra (Die Ausnahme und die Regel) 1930/1938
A Mãe (Die Mutter) 1930-31/1932
Kuhle Wampe (roteiro para cinema) 1931/1932
Os Sete Pecados Capitais (Die sieben Todsünden der Kleinbürger) 1933/1933
Cabeças Redondas, Cabeças Pontudas (Die Rundköpfe und die Spitzköpfe) 1931-34/1936
Horácios e Curiácios (Die Horatier und die Kuriatier) 1933-34/1958
Terror e Miséria no Terceiro Reich (Furcht und Elend des Dritten Reiches) 1935-38/1938
Os Fuzis da Senhora Carrar (Die Gewehre der Frau Carrar) 1937/1937
Galileo Galilei (Leben des Galilei) 1937-9/1943
Quanto Custa o Ferro (Was kostet das Eisen?) 1939/1939
(Dansen) 1939/?
Mãe Coragem e seus Filhos (Mutter Courage und ihre Kinder) 1938-39/1941
O Julgamento de Lucullus (Das Verhör des Lukullus) 1938-39/1940
O Sr Puntila e seu criado Matti (Herr Puntila und sein Knecht Matti) 1940/1948
The Good Person of Szechwan (Der gute Mensch von Sezuan) 1939-42/1943
A Resistível Ascensão de Arturo Ui (Der aufhaltsame Aufstieg des Arturo Ui) 1941/1958
Hangmen Also Die (roteiro cinema) 1942/1943
As Visões de Simone Machard (Die Gesichte der Simone Machard ) 1942-43/1957
Schweik na Segunda Guerra Mundial (Schweyk im Zweiten Weltkrieg) 1941-43/1957
O Círculo de Giz Caucasiano (Der kaukasische Kreidekreis) 1943-45/1948
Antígone (Die Antigone des Sophokles) 1947/1948
Os Dias da Communa (Die Tage der Commune) 1948-49/1956
The Tutor (Der Hofmeister) 1950/1950
O Julgamento de Lucullus (Die Verurteilung des Lukullus) 1938-39/1951
(Herrnburger Bericht) 1951/1951
Coriolanus (Coriolan) 1951-53/1962
O Julgamento de Joana D'Arc, 1431 (Der Prozess der Jeanne D'Arc zu Rouen, 1431) 1952/1952
Turandot (Turandot oder Der Kongreß der Weißwäscher) 1953-54/1969
Don Juan (Don Juan) 1952/1954
Trumpetes e Tambores (Pauken und Trompeten) 1955/1955

Ver também
Estranhamento
Teatro Épico
Berliner Ensemble
Helene Weigel
V-effekt
Anatol Rosenfeld
Teatro de feira
Erwin Piscator

Obras de Brecht traduzidas ao Português
Peças Teatrais(coleção). 12 volumes. BERTOLT BRECHT TEATRO COMPLETO. Ed. PAZ E TERRA (1995)
BRECHT SELECÇAO DE POESIAS, TEXTOS E TEATRO. Ed. DINOSSAURO (1999)
SETE PECADOS MORTAIS DOS PEQUENOS BURGUESES, OS. Ed. AFRONTAMENTO (1986)
CIRCULO DE GIZ CAUCASIANO, O. Ed. COSAC NAIFY (2002)
DA SEDUÇAO. Vários Autores. EDITORIAL BIZANCIO(1998)
DECLINIO DO EGOISTA JOHANN FATZER, O. Ed. COSAC NAIFY (2002)
DIARIO DE TRABALHO, 2 vols. Ed. ROCCO (2002)
ESTUDOS SOBRE TEATRO. Ed. NOVA FRONTEIRA (2005)
HISTORIAS DO SENHOR KEUNER. PREFEITURA POA (1998) EDITORA 34 (2006)
HOMEM E UM HOMEM, UM. Ed. AUTENTICA (2007)
POEMAS - BERTOLT BRECHT . Ed. CAMPO DAS LETRAS
POEMAS 1913-1956. EDITORA 34 (2003).
PROCESSO DO FILME "A OPERA DOS TRES VINTENS". Ed. CAMPO DAS LETRAS (2005)
SANTA JOANA DOS MATADOUROS, A. Ed. COSAC NAIFY (2001). Ed. PAZ E TERRA(1996)

Ligações externas
Outros projectos
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Citações no Wikiquote

Imagens e media no Commons
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Página do Deutsche Welle, com fotos de locais e notas sobre a vida do casal Brecht/Weigel na Alemanha
Mark W. Clark. Bertolt Brecht Herói ou vilão? e a crise de junho de 1953 em Estudos Avançados vol.21 no.60 São Paulo May/Aug. 2007. Artigo que discute as posições políticas de Brecht e o Stalinismo.
Textos de Brecht em Inglês
The Brecht Yearbook
The International Brecht Society
Fotos e túmulo de Bertolt Brecht
Poema de Brecht inscrito nas ruas de Portland Your Tank is a Powerful Vehicle - em inglês e alemão
Arquivos públicos do FBI sobre Brecht, em inglês
Ensaio filosófico que discute Brecht, em inglês.
Biblioteca de Chicago - Brechts Werke, lista completa dos trabalhos de Brecht publicados em alemão
História de Mack, the Knife publicada em Brechthall (inglês)
Literatura de e sobre Bertolt Brecht no catálogo da Biblioteca Nacional da Alemanha (em alemão


fonte jorrada dos nossos milhares de correspondentes da wikipédia

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